A grama do vizinho é sempre mais verde?

É óbvio, mas precisa ser repetido:

Comparação leva à frustração.

O que a gente vê é uma fração da realidade, nem sempre nua e crua – cada vez mais editada e modificada (a AI chegou pra sacudir nossa percepção!).

Então, vale como autolembrete, vale como aviso de amiga: não se compare com ninguém, a não ser com sua versão anterior.

Como a intenção é evoluirmos, nos aprimorar, a comparação com quem já fomos no passado é um bom termômetro.

De resto, considere que a grama do vizinho pode ser sintética!

Aprender a aprender

Falemos de empatia…

Somente enfrentando a complexidade de tantas diferenças entrelaçadas será possível progredir em harmonia.

No capítulo nove, do livro Sonho Manifesto, Sidarta Ribeiro nos convida a aprender a aprender. Diz o que muitos de nós já sabemos: “quase tudo o que se aprende com desprazer e monotonia dura pouco tempo na mente das pessoas. O que permanece por muito tempo é o que é aprendido com prazer e curiosidade.” (Pág. 138).

Sidarta cita Paulo Freire, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, Flavia Soares, Carolina Maria de Jesus, Machado de Assis, Lima Barreto, Djamila Ribeiro, Bell Hooks, W.E.B. Du Bois entre outros (isso num só capítulo!). Tantos pontos de vista para chamar a atenção para a empatia – embora não use muito essa palavra; para que vejamos a realidade com outros olhos e exercitemos ativamente essa coisa chamada alteridade.

Alteridade é diferente de subjetividade. Enquanto esta fala sobre a nossa experiência interna, o nosso olhar, a alteridade é sobre outro. É reconhecer esse outro e suas idiossincrasias. É ver o outro em suas diferenças, suas esquisitices, seus medos, sonhos, afetos, crenças.

E aprender com ele: “nessa troca cultural contra-hegemônica, o encontro dos diferentes propicia enorme energia potencial para a cura das unilateralidade”.

Tédio & Criatividade

Você sabe a ligação entre tédio e criatividade?

“Dez anos atrás, no trabalho, mudávamos nosso foco a cada três minutos. Agora, isso ocorre a cada 45 segundos, e fazemos isso o dia todo. A pessoa comum checa e-mails 74 vezes por dia, e muda de tarefa em seu computador 566 vezes por dia”, diz Manoush Zomorodi, na sua TEDTalk “Como o tédio pode nos levar às ideias mais brilhantes” (já linkado para o www.ted.com – e com legendas em Português!).

Estamos ocupados demais, sempre fazendo algo, ou checando aleatoriamente nosso smartphone, e não suportamos o tédio.

Tendemos a nos ver como multitarefas, quando na verdade, esgotamos nossas energias ao pular de tarefa em tarefa, mudando sistematicamente o foco entre essas muitas ações.

Limitações e tédio despertam em nós a nossa capacidade criativa – quanto mais restrições, mais inovadora é a solução.

Então, algumas provocações:

– Reduza o uso do seu telefone, se preciso, guarde-o por algumas horas.
– Desligue as notificações enquanto faz suas tarefas, lê um livro ou vê um filme.
– Apague aquela app que lhe distrai durante o dia.
– Analise o relatório de uso do seu telefone e veja onde “a coisa” pega!

Não há garantias!

Tenho pensado muito no ato da presença. E praticado estar no aqui e agora.

Isso nem sempre é fácil!

A cabeça cobra mil coisas a fazer, repensa outras tantas já feitas, questiona minhas decisões.

Mas a prática tem me trazido para esse lugar confortável, onde tudo o que tenho é o agora.

São momentos de conexão comigo mesma, de alegria e leveza.

Se algo tem solução, não é um problema. Se não tem, não há o que fazer.

Com isso, libero espaço na mente para fazer o que deve ser feito: a prática, o trabalho, o agora.

O dia passa mais leve, cada coisa ao seu tempo, sem sobrecargas.

É possível.
É no seu tempo.
É prática.

Como têm sido os seus dias?

…………………………..

O tempo que gastamos nos preocupando é, de fato, o tempo que gastamos na tentativa de controlar algo fora do nosso controle.

O tempo investido em algo sob o nosso controle é chamado de trabalho. Nosso foco mais produtivo está justamente aí.

👉 A citação foi retirada da página 101, do livro A Prática, de Seth Godin, traduzido por Carlos Bacci, pela Alta Books Editora.

Confiar no processo

A gente sabe que a tentativa de controlar eventos externos é frustração na certa, não é mesmo? (E por que insistimos nisso?).

E mais: esperar uma garantia de sucesso antes de começar alguma coisa, é colocar uma pedra sobre qualquer iniciativa!

Aqui, nossa alternativa é confiar no processo, trabalhar com generosidade e propósito, e aceitar tanto os bons quanto os maus resultados, como reforça Seth Godin no seu novo livro A Prática (com tradução de Carlos Bacci, pela Alta Books Editora).

Confiar no processo é saber que fazemos nosso melhor. É estar presente no agora. É cuidar dos detalhes. É dedicação.

Agora, me conte: quando bate aquela dúvida, o que lhe traz de volta ao processo?

A porta

O homem atravessa uma sala e para diante da porta fechada. Além dela pode estar o abismo. Ou a escada que busca. Com a mão na maçaneta, o homem se imobiliza, sem coragem para abrir, sem desprendimento para renunciar.

Marina Colasanti, em Hora de alimentar serpentes, página 181, pela Global Editora.

No workshop sobre escrita criativa que fiz, ainda em Portugal, com Mia Couto e José Eduardo Agualusa, falamos sobre inspiração para escrevermos. Foi quando Agualusa diz se inspirar lendo poesia.

Pra mim, os curtos contos deste livro de Marina Colasanti soam como poesia – breves e profundos, destrancam aqui qualquer coisa e fazem da escrita uma urgência. Preciso colocar no papel todo o afeto que me impacta o peito.

Ler é viver outras vidas, mas também é mergulhar em si mesmo.