a dança


a dança, upload feito originalmente por Biattrix.

a cumplicidade do ato, a segurança do olhar
a mão segura firme,
o gesto, ensaiado, repetido inúmeras vezes
não é mais banal do que na primeira vez que o fizeram

é belo

é poesia feita de carne

é dança no ar.

Meu erro

Mais uma vez vejo com clareza o meu erro

É, eu errei, confesso

No peito, o peso do engano

Na garganta seca

As palavras que nunca direi

Mas, como conseqüência do devaneio

A renovação se faz

E traz a quietude de depois da chuva

O silêncio que acalma

Se instalou em mim

Percepções

Tão claras quanto o dia

E a certeza de que

Não foi a última vez

Porque o erro foi a entrega

E disso, eu não abro mão

L.O.S.T.

Eu me perdi.
Não encontro um caminho a seguir.
Não vejo a trilha…
Perdida, procuro algum sinal
que me mostre você.

* A imagem veio daqui. Mergulhe por sua conta e risco.

Água parada

Não sou daqueles riachos

Seguros, rasos, calmos

Minhas águas são claras

Porém

Agitadas, rápidas, ágeis

Corro rumo ao oceano

Com fúria, com pressa

Caudalosa, sou larga

Transparente, sou profunda

Água fresca que renova

Acorda!

Nunca me imaginaria água parada.

Vestir-me-ei de primavera


Quando você chegar
estarei rodeada de flores
a exalar o perfume das chuvas

Franca e faceira
serei Musa: escreve sobre minha pele
com seus dedos angélicos
o momento presente

em cada palavra
coloca alma

Quando você me tocar
vou me abrir feito botão
e derramar gotas de orvalho – minhas lágrimas de gozo
a descer pelas pétalas e a molhar o chão
lençol verde, sob céu de estrelas

Meu nome é Hera
e em meus braços
preso por abraços
você dormirá

Meus olhos, miosótis
e na boca rósea, a sedução
dita pela palavra muda
dos lábios entreabertos

Liliácea e delicada
meus encantos
Maria-sem-vergonha
meu dom

Sou flor vestida de Primavera
a esperar você, meu fim
meu Verão

* Foto minha, do meu W810i

Azul


O tudo é azul, sabia?
Só agora me dei conta…

Podes achar obsceno,
Mas garanto que não há conotação,
Eu literalmente mergulhei no mundo
Despida de qualquer fantasia
Nua, sozinha, crua.

Teus olhos procurarão algo sexy
Mas só verão a mim
Sem roupas, sem quereres, sem máculas.
Não te basto?

A calmaria destes dias
Mostram que o tudo é azul.
Como o mar de outras terras,
Azul infinito e profundo.

Imersa neste mundo
Absorvo o novo
Planejo o próximo momento
Respiro a vida

Aqui, onde tudo é azul,
Meus olhos não têm lágrimas
Meu corpo não tem marcas
Minha alma está lavada.

* Azul veio do flickr.com/jakalito