Esplanada

Fulano pergunta: Já pensaste sobre o que significa liberdade, pra ti? 

Liberdade? Tipo, fazer tudo o que eu quiser, na hora que quiser, do jeito que quiser? Acho que sim, já viajei nesse delírio juvenil, quem nunca? Embora, no fundo, o velho em mim sempre faça a pergunta: qual o preço a se pagar?

Preço? Então pensas que liberdade implica em responsabilidade, é isso?

Ora, e não? Liberdade sem responsabilidade seria insensatez, não achas? Já imaginaste se não houvessem consequências para os nossos atos?

Saber calcular as consequências, e fazer um “balanço financeiro” deste preço é o que nos faz adultos? Já que colocaste a liberdade sem limites como um delírio juvenil, é isso o que separa os adultos dos jovens?

Assim, na ordem cronológica? Por esta consideração, não conheces adultos tão ou mais imaturos que muitos jovens, pois não? 

Tens razão, a cronologia nem sempre traz maturidade; era disso o que tu falavas: maturidade?

Na verdade, sim, e tenho me perguntado – divido a questão contigo: não seriam as nossas inúmeras escolhas – das triviais às mais significativas – que moldam nossa liberdade, justo porque as fazemos (ou deveríamos fazê-las) com a cautela de quem responde pelas consequências?

Sim, temos este caminho pela frente, e o paradoxo de Neruda: “és livre para fazer tuas escolhas, mas és prisioneiro das consequências”. Já escolheste o que vamos jantar?

Este pequeno conto é fruto das provocações filosóficas da Joana Rita, responsável pelo Clube de Perguntas*. No lugar de falar do clube, vou indicar a leitura do post o que distingue as pessoas perguntadoras das outras pessoas? 😉