É, eu mudei – de várias maneiras

Quando contei a algumas pessoas que me mudaria para Portugal em 2017, depois da surpresa, o comentário era unânime: você precisa escrever um blog!

Mas eu já tenho um blog, pensava…

Adiei a decisão de fazer um blog sobre esta mudança e, mesmo agora, quase 3 meses a morar fora, ainda não sei como fazê-lo. Deixo de lado o biattrix.com.br e crio algo novo? Abro uma nova sessão para falar exclusivamente da mudança? Dou dicas d’o que e do como fazer?

Há na blogosfera muitos e muitos sítios assim – dedicados a responder as dúvidas de quem resolve se mudar. Não acho que eu falaria melhor do que eles. Neste caso, vou fazer uma lista daqueles que me ajudaram na hora das minhas pesquisas e me dedicarei a outro aspecto da migração: o estado de espírito. Mas vou falar do que sinto, afinal, não teria como rotular outras experiências. E talvez, ao abordar meus humores, você se identifique…

Antes da mudança

A decisão de me mudar, de mala e cuia, não foi tão difícil ou elaborada… depois de um papo com uma grande amiga que havia passado alguns meses em terras lusitanas, a chama da mudança se acendeu em mim. Praticamente um interruptor on/off, de tão rápido que aconteceu.

A parte mais complicada, que ainda preciso de muita elaboração, meditação e respiração (para não surtar!) foi – ou melhor: é!!! – ficar longe dos meus pais. (Estarei longe e não verei as novas rugas que surgirão…) Mas, como ótimos pais, eles (mais uma vez!) me empurraram do ninho da minha zona de conforto e me deram todo o apoio que eu poderia receber! (Obrigada, pais!).

Deixar os amigos também não foi fácil! Não quis despedidas, e escrevo com lágrimas nos olhos: como eles me fazem falta!!! Mas, na época (parece há tanto tempo!), eu sentia que a distância me aproximaria ainda mais dos verdadeiros. Vai parecer piegas, mas o amor é assim: apenas três meses longe do Brasil, e meu coração transborda por todos eles! Eu estava certa, afinal! (sou intensa, me deixa!)

Viajar leve

Na minha cabeça, a mudança não seria por meses – mas por anos: como decidi estudar, seriam três anos de licenciatura, dois de mestrado, quatro de doutoramento… sim, porque quero ficar cabeçuda! Com isso, o que fazer com todas as minhas coisas?!

Desmontar meu apartamento, construído com amor e cacarecos por longos oito anos, não seria uma tarefa simples. Eu era apegada as MINHAS coisas, a minha casa! Foram muitos papos, alguns aos prantos, com dona Heloísa, minha musa-mor da Simplicidade. (Gratidão, gata, por aguentar meus surtos).

Alugar meu apartamento meses antes do que eu planejava me ajudou muito a me desapegar – afinal, eu não tinha muito tempo para pensar no assunto. Vendi, dei e doei muita coisa – praticamente 75% do que eu tinha. Tudo aquilo que me restou encheu umas seis caixas médias (80x50X30cm) que estão guardadas com carinho até que eu resolva o que fazer (trazer, doar ou guardar?).

É claro que não foi fácil! Mas a pergunta que ficou é: pra que eu tinha tudo aquilo?

Viajar leve, mas nem tanto… Toda a minha tralha!

Cheguei, e agora?

Assim que cheguei, respirei. Estou em Portugal! Era a hora de acertar os pormenores da minha estadia. Só estando aqui é que pude dimensionar a minha mudança.

O primeiro apartamento que aluguei foi um charmoso rés de chão em Quinta do Anjo, em Palmela, Setúbal. Totalmente mobiliado e equipado, eu não precisei me preocupar com nada, a não ser chegar e me sentir em casa. Uma quinta charmosa e distante de tudo, onde o transporte público – os autocarros – só passava de hora em hora.

Minha primeira vizinhança…

Outra providência importantíssima foi consultar a Casa do Brasil, uma instituição que acolhe e orienta os migrantes brasileiros. Lá, fui muito bem recebida e a recomendo para todos que queiram vir passar uns tempos em Portugal. Nós entramos em Portugal com isenção de visto e assim ficamos por até três meses. Depois disso, é preciso solicitar o visto por até mais dois períodos de três meses cada, totalizando, então, nove meses como turistas. Há outros tipos de vistos e você pode se informar melhor no Consulado Português do Rio de Janeiro (ou aqui, onde você acha todos os Consulados de Portugal no Brasil).

Entendendo melhor a dinâmica da cidade, descobri logo que precisaria sair de Lisboa para conseguir me manter com o meu budget. Os aluguéis estão caríssimos em Lisboa e achar um lugar bacana não é tarefa fácil. Como eu tinha pressa (meus pais vieram me ajudar com a burocracia e iriam embora em um mês e meio), precisava achar onde morar, optei por atravessar o Tejo rumo a Seixal (dica de um taxista que nos atendeu em Quinta do Anjo).

Na margem sul do Tejo, Seixal é um subúrbio tranquilo e charmoso (eu, pelo menos, me encantei!). Aluguei um T2 confortável, no quarto andar de um prédio sem elevador – o que é bem comum por aqui. A localização não poderia ser melhor: tudo ao meu alcance, da farmácia ao mercado, dos autocarros ao barco. A escola do meu filho também é relativamente perto – uma caminhada leve de 20 minutos.

Agora, é explorar os arredores e dar rotina à vida.