Um borrão. Foi assim que ela viu tudo passar na velocidade da luz pela sua retina. Tudo mudou tão rápido que mal pôde acompanhar.
ZAZ!
Foi-se.
Depois daquela esquina, tudo ficou mais claro. Nítido.
Agora sim, ela enxergava além.
…
As janelas. Sempre tem uma janela nos meus pensamentos. Metafórica ou real, feita de alumínio, madeira ou puro vidro, sempre tem uma janela.
A janela fechada quebrava o ventinho frio que vinha da Lagoa. Apesar do dia de sol, fazia frio. E ela pensou: como é bom sentir esse sol gelado. Sua percepção, seus sentidos estavam aguçados. É a beleza, conjeturou. O belo se fragmenta, facetado como cristal, se expande – contagia. Assim tudo ganha um pouco da beleza – que jamais é egoísta…
Lembro-me de André Gide, escritor francês. Sua frase ainda ecoa na minha cabeça:
Que a importância esteja em teu olhar
e não na coisa olhada.
André vive e respira em mim todas as vezes que olho pela janela.
* Fotos minhas, feitas através da janela do 157, rumo à Lagoa.