Ela a olhou bem fundo dos olhos. Aquele instante pareceu uma eternidade. Rasgando o silêncio, a pergunta a trouxe de volta do transe: qual o seu medo? Silêncio. Olhos nos olhos.
– me responde: qual o seu medo?
Agora, ela desviou o olhar. Não conseguiria sustentá-lo por mais tempo. Talvez, neles a outra visse a resposta. Ou a vergonha fosse maior.
– Vergonha? – ela pareceu ler seus pensamentos: – vergonha de quê?
Não sabia dizer. A mente estava embaralhada, os olhos, turvos, os ouvidos, zunindo. Já não ouvia mais nada. O tempo parou. A outra continuava matracando qualquer coisa.
– Medo de quê? Vergonha de quê? O que está acontecendo?
Ela cambaleou. As perguntas ecoavam pela cabeça, que agora doía mais que de costume.
– Medo? Qual? Vergonha? Por quê?
Deu um passo à frente, mas esbarrou no espelho que lhe encarava de volta.
…
