A morte é tão certa… acredito que é uma das poucas certezas da vida.
Ela vai chegar. E não há como escapar. A não ser nos filmes fantásticos…
Mesmo assim, sabendo que é o fim certo de todas as coisas vivas, quando ela chega… bem, ela rasga o peito, abre um vazio no chão, distorce a razão, embaralha os sentidos, emputece.
Sim, eu estou puta da vida por ter perdido um grande amigo da vida inteira.
Nem lembro como a gente se conheceu. Foi antes da faculdade, antes de 1991. E mesmo que nossos encontros, ultimamente, fossem esporádicos, Tony era um amigo certo – daqueles poucos que a gente sabe que pode contar pra tudo na vida. Até esconder um corpo.
Vivemos dias incríveis! Ou melhor, noites! Porque o Tony era O Senhor da noite. Conheci boates ótimas, festas badaladas e muitas pessoas bacanas!
Foi com o Tony o meu primeiro porre de saquê, de Jack Daniel’s e de absinto, que ele servia em um ritual à green fairy.
Foi com ele também que fui a todos os dias de Free Jazz Festival. Alguns de Rock in Rio, muitos do antigo Canecão, Joe Satriani, Simple Red, e tanto outros que nem me lembro. (Como ele amava os shows!).
No meu aniversário, em 2004 (ou seria 2003?), ele levou meus melhores amigos para passarem o feriado comigo em Búzios (na época, eu trabalhava lá!), organizou banquetes e muitas bebedeiras. Foi ótimo.
Foi o Tony quem me apresentou aos melhores DJs do Rio de Janeiro – uma turma de amigos que guardo no coração até hoje.
Ah! Foi por conta do Tony, e do Rafa, que conheci o amor da minha vida, e vivi uma paixão avassaladora que deixou brasas no meu peito ardendo até hoje. A paixão se descobriu platônica. E o namorado, um dos meus melhores amigos.
Como presente de 41 anos, ele me deu o México! Foram 13 dias mágicos entre Acapulco, Los Cabos e Cidade do México. Conversávamos por horas a fio, brigamos (claro!), rimos, ficamos bêbados de Mezcal. Mergulhamos no Pacífico. Subimos as pirâmides do Sol e da Lua (até a metade, porque faltou ar!!!).
A morte chegou antes do tempo para o Tony. Por mais que ele tenha vivido tudo intensamente, exageradamente, nababescamente.
Era para ele ser um velhote chato e surdo, que conta e reconta as histórias mais fantásticas de todos os tempo.
Mas não vai ser.
Acabou.
Restou a saudade… até as lembranças o tempo e a idade vão deixando pelo caminho.
Mas a saudade ninguém vai arrancar do meu peito.
Vai na paz, querido. Um dia, a gente se reencontra.