Aprendi a escrever com uma professora fantástica. Magda era severa, mas divertidíssima. Foi minha mestra já no segundo grau [ou deveria escrever ensino médio?] e me preparou para o magistério.
Confesso que hoje, décadas depois, mal recordo tantas regras. O escrever é intuitivo e de ouvido, sabe? Se soa bem, está certo. Mas, em alguns casos, recorro às regras do bom e velho português para defender o meu texto.
Preciso dizer: vírgula não é orégano, como muitos insistem em pensar. Salpicam as tais pelo texto na tentativa de dar mais sabor aos parágrafos. Outros tantos acreditam piamente que ela, a coitada, é uma simples pontuação de respiração. Então, um texto para um nadador mal precisa delas, enquanto o para um fumante inveterado pede, ansioso, vírgulas a cada palavra. Respirar é função do nariz. Vai lá, pode usar a boca também. Mas não é a vírgula que vai fazer você respirar melhor. E ponto. Mas, não o parágrafo, entende?
Outro aspecto para pensarmos: o dois-pontos foi banido dos escritos. Reaprendi a usá-lo em A Louca da Casa, da escritora espanhola Rosa Monteiro. Fiquei apaixonada pelo dois-pontos. Sua função: enumerar vários aspectos do pensamento ou declarar qualquer coisa necessária. Só para citar dois empregos pertinentes.
Já o pobre do gerúndio, meu deus, nadou, nadou, e acabou morrendo na praia do telemarketing. De tão usado, o processo se estendeu e os mais explosivos o cortaram de vez. Mas, vamos combinar, né?! Quem é que usa indicativo, subjuntivo e imperativo corretamente? São tantos os tempos verbais, que estou pra conhecer Cristo que conjugue com maestria: Presente do Indicativo, Pretérito Perfeito, Pretérito Imperfeito do Indicativo, Pretérito Mais-que-Perfeito, Futuro do Presente, Futuro do Pretérito, Presente do Subjuntivo, Pretérito Imperfeito do Subjuntivo, Futuro do Subjuntivo, Imperativo Afirmativo e Negativo, Infinitivo Pessoal, Gerúndio e Particípio. [Ufa!]
Não sou ás no português. Concordo que temos diversas pegadinhas – as tais exceções às regras. A Última Flor do Lácio não é lá uma flor-que-se-cheire. Mas, também, não é um bicho-de-sete-cabeças. Na maioria das vezes, uma ida ao dicionário ou à gramática já ajuda. E muito. Ponto-final.
Acho que pra quem tem o hábito de ler, escrever certo por intuição é bem mais fácil. Se tá estranho, deve estar errado…
Também AMO a Rosa Montero. Acabei de ler A Filha do Canibal. Já leu?
Beijo
Quer saber? Sempre acho que não leio o suficiente… um saco essa urgência de letrinhas!
Adorei a Rosa. Mas ainda não li a Filha… é bom?
Quanto, as vírgulas, eu acho que você exagera, um pouco. Nem todos, são assim. Vírgula para mim não é como orégano, e sim, como sal. Só porque, estou com, gagueira, não quer, dizer, que coloco muitas vírgulas.
Quanto ao gerúndio, todos passaram a estar fazendo alguma coisa. Na verdade não é o gerúndio que ficou popular e sim o verbo ser. Você não acha?
Quanto ao resto, salve o corretor do word e bola pra frente.
Beijos e parabéns pelo texto.
Leo
A-do-rei!
Seu texto me fez lembrar uma certa professora de português, e as gafes que eu, arteiramente, aprontava nas aulas dela.
Mas também, fala sério, acho mega-chique existir um ‘Pretérito Mais-que-Perfeito’. Ô luxo! Houvera um pretérito assim para mim…
Não aceitaria qualquer conjugação.
;]
Beijo, Bia!
Ótimo texto, sempre curti as coisas simples dessa nossa língua complicada.
Escrevi uma vez inspirado pela campanha de 100 anos da ABI, justamente sobre a vírgula.
Dá uma olhada, pelo menos a campanha é mto boa >> http://resistenciacarioca.blogspot.com/2008/06/vrgula-porra.html